Como agem as viroses |
por Raquel Aguiar |
Ondas de febre, dor de cabeça e mal-estar periodicamente tomam escolas, famílias e ambientes de trabalho. No momento, a maioria dos cariocas conhece alguém com estes sintomas. Alguns pensam que é gripe; outros dizem que é resfriado, e a surpresa vem quando o médico define como virose. Muitos pacientes reagem com descrédito, mas o diagnóstico não poderia ser mais acertado. "Virose é qualquer infecção causada por vírus", esclarece o médico Antonio Sérgio da Fonseca, vice-diretor do Posto de Saúde da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fiocruz. "Quando se trata do vírus da Aids, do sarampo ou da rubéola, por exemplo, o diagnóstico é imediato, mas existem numerosos vírus capazes de causar quadros de febre, mal-estar, dores no corpo e na cabeça", explica. "Nestes casos é usado o termo virose porque não importa identificar o vírus causador, já que não existem remédios que atuem sobre o vírus em si, mas apenas um tratamento padrão para amenizar seus sintomas. Sem contar que a sorologia do vírus pode demorar mais que a própria duração da doença". As viroses mais comuns são causadas por adenovírus, que provocam conjuntivite, resfriados e problemas respiratórios em geral, e por enterovírus, responsáveis por problemas intestinais. As viroses respiratórias costumam ser confundidas com gripe, resfriado e pneumonia, mas existem algumas diferenças fundamentais. "A gripe é provocada pelo vírus influenza, geralmente causa febre alta, dor de garganta, tosse, mal-estar, dores no corpo e na cabeça. O resfriado, na maioria das vezes, é uma virose, que repete com menor intensidade os sintomas da gripe. Enquanto a gripe e o resfriado atingem as vias aéreas superiores, que, de forma simplificada, englobam nariz e garganta, a pneumonia é uma inflamação dos pulmões causada por fungos, vírus ou pela bactéria Streptococcus pneumoniae", resume. O médico explica que a pneumonia não é necessariamente uma evolução da gripe, mas que em pacientes idosos ou imunodeprimidos a doença pode facilitar o surgimento de infecções secundárias, como a pneumonia. Seus sintomas são tosse com secreção, febre alta, calafrios, respiração ofegante e dores no peito. As viroses respiratórias e a pneumonia são contraídas na convivência com pessoas infectadas, seja através de tosse e espirros ou do uso compartilhado de copos e talheres. A transmissão é mais fácil entre fumantes ativos e passivos. As viroses costumam acabar no período de uma semana, mas Antonio Sérgio chama a atenção para uma possível confusão com as infecções de origem bacteriana, que têm sintomas similares mas demandam tratamento com antibióticos. "Convulsões, secreção amarelada, dor torácica, dificuldade para respirar ou o retorno da febre depois de ter regredido podem ser indicativos de infecção bacteriana", enumera. Ele alerta para os riscos do uso indiscriminado de antibióticos. "Eles não surtem efeito em viroses e podem causar efeitos colaterais, como reações alérgicas", diz Antonio Sérgio. Além disso, prossegue o médico, o uso desnecessário de antibióticos altera a flora bacteriana normal do indivíduo, propiciando infecções. Para a saúde coletiva, representa o desenvolvimento de germes cada vez mais virulentos devido à resistência em relação aos remédios. O médico também recomenda cautela no uso de antigripais, sobretudo entre idosos, porque podem aumentar a pressão arterial. "Para qualquer virose respiratória é recomendável manter o nariz limpo com soro fisiológico, usar antitérmico em caso de febre e beber muito líquido. Deve-se evitar esforço físico, mas permanecer deitado durante períodos prolongados pode acumular secreção no pulmão", aconselha. Idosos serão vacinados em abril Desde a primeira campanha nacional de vacinação de idosos contra a gripe, em 1999, cerca de 51 mil internações decorrentes de complicações da doença foram evitadas, segundo estimativas do Ministério da Saúde. Neste ano, a campanha acontece entre os dias 17 e 30 de abril em todos os postos de vacinação do país e pretende atingir dez milhões de brasileiros acima dos 60 anos. O médico Antonio Sérgio da Fonseca esclarece que em idosos e pacientes imunodeprimidos a gripe pode abrir caminho para infecções bacterianas como a pneumonia. Segundo o médico, não existe restrição de idade para receber a vacina e as únicas contra-indicações são para mulheres grávidas e pessoas alérgicas à proteína do ovo, a mercurocromo ou mertiolate, que são componentes da vacina. "O Programa Nacional de Imunização privilegia os idosos porque, além de serem mais vulneráveis ao contágio, neste grupo as manifestações da doença adquirem maior gravidade", explica. A vacina leva duas semanas para surtir efeito e em 90% dos casos reduz o risco de contrair a doença. Segundo Antonio Sérgio, o temor de reações e a idéia de que a pessoa vacinada desenvolve a doença logo após a imunização não têm fundamento já que, apesar de serem capazes de desencadear a produção de anticorpos que imunizam contra a gripe, os vírus presentes na vacina estão mortos. As pessoas imunizadas há menos de um ano também devem ser vacinadas. "O vírus influenza é altamente mutável e, para dar conta de seus novos subtipos, que surgem cada vez mais virulentos e contagiosos, a dose precisa ser renovada anualmente", esclarece. A vacina deste ano já protege contra o vírus Fujian, que causou pandemia nos Estados Unidos e chegou recentemente ao Brasil. Ao longo da história, as epidemias de gripe atingiram milhões de pessoas, como a famosa gripe espanhola, responsável por 20 milhões de mortes em 1915. As últimas epidemias a atingir o Brasil foram a gripe asiática de 1957, que nada tem a ver com a recente Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), e a gripe de Hong Kong, de 1968. Juntas, elas mataram dois milhões de pessoas em todo o mundo. Esta semana a Organização Mundial de Saúde está reunida em Genebra para discutir o risco de uma epidemia mundial de gripe. |
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