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segunda-feira, 10 de maio de 2010

Medida simples e barata aumenta o ganho de peso e diminui o tempo de internação de bebês prematuros


Medida simples e barata aumenta o ganho de peso e diminui o tempo de internação de bebês prematuros
por Adriana Melo
Os avanços tecnológicos têm permitido a sobrevivência de bebês cada vez mais prematuros. A descoberta dos surfactantes - medicamentos que aceleram o amadurecimento dos pulmões - e a modernização dos respiradores são alguns dos fatores que ajudam na estabilização clínica dos pequenos pacientes. Entretanto, uma vez alcançado esse objetivo, surge outra preocupação: a alimentação. Bebês com menos de 34 semanas de gestação não conseguem sugar, deglutir e respirar coordenadamente, o que impossibilita a amamentação. A boa notícia é que um tratamento simples e barato pode apressar o início da dieta por via oral, aumentar o ganho de peso e adiantar a ida do recém-nascido para casa.
Uma pesquisa realizada no Instituto Fernandes Figueira (IFF), unidade da Fiocruz, testou a eficiência da sucção não nutritiva, aliada à estimulação sensório-motora oral. Participaram do estudo 67 recém-nascidos admitidos na UTI neonatal. Todos os bebês tinham entre 26 semanas e 32 semanas e seis dias de idade gestacional (tempo decorrido desde a concepção), eram pequenos ou adequados para a idade, nasceram com menos de 1,5 quilo, apresentavam estabilidade clínica e não eram portadores de malformações. Os recém-nascidos foram distribuídos entre o grupo estudo e o grupo controle ao acaso.

Adriana Rocha/Fiocruz

Bebê prematuro recebe estimulação na bochecha
Os bebês do grupo controle receberam leite materno (da própria mãe ou do banco de leite humano) por via enteral - por meio de uma sonda que vai da boca até o estômago - sem nenhuma estimulação. Os bebês do grupo de estudo, depois de estarem clinicamente estáveis e recebendo um volume de leite de 100 ml/kg/dia, começaram o tratamento. Antes da alimentação, recebiam a estimulação sensório-motora oral, uma massagem que engloba bochechas, gengiva, palato (céu da boca) e língua. Durante a alimentação enteral, lhes era dada a oportunidade de sugar o dedo da fonoaudióloga (sucção não nutritiva). Três fonoaudiólogas participaram do estudo, sempre usando luvas. O procedimento, padronizado, era realizado por 15 minutos, cinco vezes ao dia, cinco dias por semana, até que o recém-nascido conseguisse se alimentar exclusivamente por via oral.
"Depois de completar 34 semanas de idade gestacional, o bebê já pode começar a alimentação oral, desde que tenha capacidade para isso", explica a fonoaudióloga Adriana Rocha, mestre em saúde da criança e responsável pela pesquisa. A análise das condições clínicas dos bebês era feita por uma fonoaudióloga que não sabia a que grupo pertenciam. A substituição da alimentação enteral pela oral era feita gradativamente, de acordo com a aceitação de cada criança. "Dependendo da disponibilidade da mãe, ela podia se internar no alojamento de nutrizes do hospital. Nesse caso era aplicada a técnica de translactação: enquanto o bebê é alimentado através da sonda, pode sugar o seio da mãe, estimulando a produção de leite", diz Adriana.
Os bebês do grupo estudo começaram a dieta por via oral cerca de oito dias mais cedo, passaram a se alimentar somente por sucção nove dias antes e receberam alta 11 dias mais cedo, em média, que o grupo controle. Entre os bebês que receberam estimulação, 57,1% mamavam exclusivamente no seio materno no momento da alta, enquanto o grupo controle apresentou uma freqüência de 21,9%. "Dependendo da duração do intervalo entre o nascimento e o começo da amamentação, existe o risco de o leite secar", explica Adriana.
O IFF atende principalmente mães carentes, com gravidez de risco - como adolescentes, hipertensas e diabéticas. "O aleitamento materno determina uma economia significativa para a família, além de ser a melhor alimentação para o bebê", diz Adriana. Além disso, a redução do tempo de internação também diminui os custos para o sistema de saúde.
Resultados tão bons transformaram a prática da sucção não nutritiva em rotina no IFF. O único problema apontado por Adriana é a falta de pessoal para ampliar a aplicação da técnica. "O ideal seria que os bebês recebessem o estímulo nas oito refeições do dia, todos dias da semana. Mas para isso seria necessária a participação de um maior número de profissionais qualificados", diz.
Fevereiro/2005