Estudo mostra o perigo da transmissão e causa de doenças pelas moscas | ||||||
por Adriana Melo | ||||||
As moscas podem transmitir 64 espécies de vírus, 29 espécies de fungos, 112 espécies de bactérias, 60 espécies de protozoários e 50 espécies de helmintos, além de causarem miíases, popularmente conhecidas como bernes e bicheiras. No Estudo da capacidade de transmissão de agentes patogênicos e causa de doenças por dípteros caliptrados no estado do Rio de Janeiro, pesquisadores coletaram moscas na região da Baixada Fluminense para a análise da presença de microrganismos causadores de doenças nesses insetos. Os resultados da pesquisa, realizada pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC), foram apresentados em setembro no Congresso de Entomologia, em Gramado (RS), e enviados para publicação no Journal of Medical Entomology.
Musca domestica, mosca comumente encontrada nas grandes cidades Dípteros caliptrados são moscas que vivem nos mais diversos ambientes e apresentam uma membrana embaixo da asa (calíptera) e um balancim, estruturas responsáveis pelo equilíbrio no vôo. Os microrganismos transmitidos por esses insetos são encontrados nas fezes, no lixo urbano, doméstico ou hospitalar, nas secreções orgânicas e nos cadáveres em putrefação. Eles podem ser carregados pelas moscas aderidos às cerdas presentes em suas patas ou em seu corpo. Alguns microrganismos passam intactos pelo aparelho digestivo das moscas e podem ser transmitidos pelos seus dejetos. Outro mecanismo de transmissão é através do aparelho bucal, que pode ser lambedor-sugador ou picador-sugador. "Para se alimentar, as moscas que têm aparelho lambedor regurgitam, lançando enzimas sobre o alimento para depois sugá-lo. Nessa regurgitação alimentar podem estar presentes agentes patogênicos", explica a pesquisadora do IOC Margareth Queiroz, doutora em parasitologia médica e veterinária. Já as moscas com aparelho bucal picador alimentam-se de sangue e transmitem doenças ao picar uma pessoa sã logo após ter picado uma doente. "As moscas percebem o cheiro de alimento a até dez quilômetros de distância. Ao pousar sobre um prato contendo alimento, deixam os microrganismos que estavam nas cerdas ou no aparelho bucal", diz Queiroz. Através da comida podem ser transmitidos vírus como o da poliomielite (paralisia infantil) ou de gastroenterites (causadores de diarréias), bactérias como Salmonella,Shigella ou Escherichia coli - todas relacionadas a diarréias, a última especialmente perigosa para imunodeprimidos -, protozoários como amebas ou giárdias, e ainda ovos e larvas de alguns helmintos como Ascaris lumbricoides e tênia. Segundo Queiroz, as diarréias causadas por esses microrganismos são mais comuns no verão, pois o clima quente e úmido é propício para as moscas.
Phaenicia eximia, popularmente chamada de mosca varejeira Algumas moscas são hospedeiros intermediários de helmintos (vermes). Outras se alimentam de secreções oculares e transmitem conjuntivites como o tracoma, de origem bacteriana, que causa cicatrização fibrosa da córnea e pode levar à cegueira. Outras transmitem ainda úlceras cutâneas que podem evoluir para necroses. O ferimento atrai mais moscas que podem espalhar a doença por meio das cerdas ou da regurgitação. Ao pousar sobre feridas abertas, as moscas também podem transmitir doenças como o tétano. O bacilo Clostridium tetani vive no solo e em fezes de animais. Os insetos transportam os esporos do bacilo, que produzem a toxina causadora da doença. É sobre lesões já existentes que moscas da família Calliphoridae põem seus ovos, gerando as miíases teciduais, conhecidas como bicheiras. Em no máximo duas horas as larvas eclodem. "Esse tipo de miíase tem no mínimo 20 larvas, podendo chegar a centenas", diz Queiroz. "As larvas se alimentam de tecido, invadem cavidades e podem levar à morte. As bicheiras têm cheiro muito forte e são mais comuns em animais, mas também podem acometer pessoas, especialmente doentes mentais, alcoólatras, diabéticos e pacientes com câncer em estágio avançado. Esse tipo de miíase também é associado à baixa renda e à baixa escolaridade".
Dermatobia hominis, mosca do berne A miíase furuncular, também conhecida como berne, é mais freqüente no homem que a tecidual, principalmente depois da expansão do ecoturismo. Moscas da família Cuterebridae põem seus ovos em outras moscas, que os veiculam. As larvas penetram na pele íntegra, sem a necessidade de haver lesões. "As míiases geram grandes prejuízos na criação de gado, pois diminuem a qualidade de vida do animal e causam depreciação do couro, que fica marcado por cicatrizes", diz Queiroz. Segundo a pesquisadora, a higiene é a principal forma de combater as moscas. "Elas são insetos associados ao acúmulo de lixo", diz. Entretanto, inseticidas também se fazem necessários. "Além dos químicos, há também os inseticidas biológicos, que usam princípios ativos de plantas ou bactérias patogênicas para as larvas de moscas, como o Bacillus thuringiensis. Esses últimos ainda estão sendo pesquisados por diversos pesquisadores do Brasil, inclusive do IOC". | ||||||
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